MENU



Análise quinzenal
PET-REL

por Lucas Cavalcanti dos Santos

 

“De fato, fazemos essa viagem em um momento no qual o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia”. Essas foram as palavras de Nancy Pelosi em seu artigo ao The Washington Post, publicado no mesmo momento em que ela pousava em Taiwan, à frente de uma delegação de membros do Congresso dos Estados Unidos, em 2 de agosto de 2022. Pelosi esteve na ilha por apenas 19 horas, mas foi o suficiente para elevar as tensões trilaterais entre China, EUA e Taiwan a níveis inéditos e desencadear a quarta Crise do Estreito de Taiwan, em andamento. Jaz aí a maior tensão geopolítica no mundo atualmente, e a possibilidade mais realista de um escalamento nuclear catastrófico. 

 

A reação da China é sem precedentes. Pelosi, atual presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, é a segunda na linha de sucessão da presidência, atrás apenas da Vice-Presidente Kamala Harris. Por isso, Beijing considera sua visita à ilha como uma violação de sua soberania pelos Estados Unidos. 

 

No campo das sanções comerciais, a China suspendeu a exportação de areia natural e baniu a importação de mais de 2000 dos 3200 tipos de produtos alimentícios taiwaneses. No passado, essas sanções eram mais direcionadas, especialmente a produtos in natura. Agora, estão mais amplas e incluem alimentos processados, cujo valor agregado é maior. Apesar disso, o impacto macroeconômico é limitado, pois setores mais cruciais não foram afetados, como o de semicondutores. Ademais, a participação agrícola na economia da ilha é ínfima. Politicamente, as sanções podem incomodar mais, ao provocar descontentamento contra o partido governante  (FT, 2022).

 

No campo diplomático, as sanções foram simbólicas. A China sancionou Pelosi e sua família. Além disso, anunciou o fim da cooperação bilateral com os Estados Unidos em diversos assuntos: repatriação de imigrantes ilegais, combate ao tráfico de drogas, repressão ao crime organizado e esforços conjuntos contra as mudanças climáticas. O mais perigoso, contudo, é a suspensão de canais de diálogo entre as forças armadas das duas potências, o que eleva os riscos de conflitos acidentais (SCMP, 2022).

 

Por fim, no campo militar, a reação chinesa foi incisiva e sem precedentes, demonstrando o sério descontentamento de Beijing. O Exército de Libertação Popular (PLA), da China, anunciou exercícios de combate com munição real em seis áreas ao redor da ilha entre os dias 4 e 7 de agosto, posteriormente estendidos ao dia 10 (DIPLOMAT, 2022). Durante esse período, o PLA lançou ao menos onze mísseis que cruzaram o território taiwanês — o que ainda não havia ocorrido nos exercícios anteriores —, cinco dos quais caíram dentro da zona econômica exclusiva do Japão, onde os Estados Unidos possuem 31 bases militares apenas em Okinawa (DIPLOMAT, 2022). Além disso, o PLA demonstrou a capacidade de suas diferentes forças de combate atuarem em sincronia. 

 

Sobretudo, esses exercícios sinalizaram que, caso necessário, o PLA poderia potencialmente impor um bloqueio naval e aéreo à Taiwan, buscando sua capitulação sem necessariamente arcar com os custos de uma operação anfíbia, que seria extremamente complicada devido à geografia e capacidades da ilha.

 

A despeito da fala de Pelosi, por mais autocrática que a China seja da perspectiva ocidental, é muito difícil reprimir 1,4 bilhão de pessoas em um país tão integrado internacionalmente e onde tecnologias de informação são tão acessíveis (CHU et al., p. 211, 2008). Portanto, nenhum líder pode governá-la sem legitimidade (POMAR, 2004). Porém, ao contrário das democracias liberais, o presidente chinês não deriva sua legitimidade do voto direto, mas sim de duas fontes principais: a estabilidade interna e o apoio do partido. Essas duas forças são extremamente sensíveis ao relacionamento com Taiwan. 

 

Assim, nenhum líder, nem mesmo Xi Jinping, pode arcar com os custos políticos de ser percebido como leniente perante às forças separatistas de Taiwan, sejam elas internas, sejam elas externas. As razões para isso são, de fato, concretas, de natureza histórica e estratégica. 

 

Uma breve recapitulação histórica: o século de humilhação da China

No final do século XIX e início do século XX, as potências industriais ocidentais e o Japão estavam no ápice do seu expansionismo colonial. À época, anexavam novos territórios ao redor do mundo, principalmente na África, na Ásia e no Pacífico, frequentemente com extrema violência. Contudo, além da anexação e ocupação militar tradicionais, essas potências implementaram outras formas de dominação, de caráter imperialista, como a reivindicação de zonas de influência — a exemplo da Doutrina Monroe dos EUA — e a imposição de tratados comerciais especiais. Dentre as múltiplas motivações desse expansionismo, uma das causas centrais era forçar a abertura de mercados consumidores para escoar o excesso de produtos industriais dessas potências capitalistas, bem como acessar matérias primas essenciais.

 

Os tratados desiguais, como ficaram conhecidos na China, foram impostos à Dinastia Qing após derrotas militares ou sob ameaça de ataques dessa natureza. Suas cláusulas eram abusivas e incluíam, dentre outros, tarifas esdruxulamente favoráveis, o pagamento de reparações de guerra,  a concessão de portos e de estradas de ferros, a concessão de territórios especiais (como Hong Kong à Inglaterra) e o direito de extraterritorialidade — a aplicação de leis estrangeiras dentro da China em certas situações. Esses episódios são abundantes na história chinesa da época, denominada Século da Humilhação, quando essa sociedade foi violada por nações estrangeiras repetidamente. Iniciado em 1839, só acabou com o fim da Revolução Chinesa, em 1949. 

 

Três acontecimentos são particularmente ilustrativos do período. Primeiro, as Guerras do Ópio, ocorridas nas décadas de 1840 e 1850, quando o imperador reprimiu o comércio da droga motivado por uma crise de saúde pública. A Inglaterra, principal beneficiadora da venda do narcótico, agiu militarmente para subjugar as forças chinesas e impor tratados repletos de privilégios e de violações da soberania chinesa. Segundo, uma série de rebeliões populares anti-colonialistas que se uniram às tropas imperiais contra a dominação externa. Isso levou à formação de uma aliança militar de oito potências estrangeiras para coagir, mais uma vez, a China. Participaram dessa aliança Estados Unidos, Japão, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Rússia, Áustria-Hungria e Itália. 

 

Terceiro, após se aliar às potências da Entente, vencedoras da 1ª Guerra Mundial, a China esperava recuperar o controle do seu território. Contudo, isso não aconteceu: o Tratado de Versalhes, em 1919, concedeu ao Japão o direito de ocupar a província chinesa de Shandong. Mas o Japão Imperial era expansionista e, em 1937, invadiu outras partes da China, levando-a a uma guerra de defesa, a 2ª Guerra Sino-Japonesa. Esse esforço pausou, temporariamente, a guerra civil travada entre o Partido Nacionalista (Kuomintang ou KMT) e o Partido Comunista da China (PCCh), que se uniram contra o Japão. Após a derrota japonesa, a guerra civil continuou. O KMT tinha o suporte explícito dos Estados Unidos, que lhe forneceu apoio logístico, US$ 4,5 bilhões em auxílio militar e financeiro, além de tropas americanas para proteger áreas estratégicas (POMAR, 2004). 

 

Apesar disso, em 1949, o Partido Comunista venceu a guerra e Mao Zedong declarou a República Popular da China (RPC). Por sua vez, Chiang Kai-shek, junto das tropas e simpatizantes do KMT,  fugiu para a ilha de Taiwan. Lá, declarou Taipei como a capital temporária da República da China (ROC). Por anos, Taiwan foi reconhecido pela maior parte do mundo como a única China, em uma política de contenção liderada pelos EUA contra a China continental, que contou com bloqueios navais (KISSINGER, 2013). 

 

Assim, tendo em vista essa experiência histórica, bem como a importância estratégica da ilha sob uma lente realista, a independência de Taiwan é uma linha vermelha para a China, ou seja, não será aceita em nenhuma hipótese. De um lado, é vista pelo partido e pela população chinesa como símbolo do imperialismo estrangeiro e da violação histórica de sua sociedade, que vê o ocidente com acentuada desconfiança. De outro, ao conquistar a independência e soberania, Taiwan constituiria um risco estratégico para a China continental, dada a proximidade e a sua localização no centro do conjunto de ilhas que se estendem das Filipinas ao Japão, aliados dos EUA. Dessa forma, se independente, Taiwan poderia efetivamente bloquear o acesso da China ao Pacífico.

 

Por tudo isso, a China permanecerá irredutível não importa quais sejam os custos: nenhum é maior do que a ameaça existencial que um Taiwan independente representaria, seja para o regime, seja para a segurança nacional. 

 

A irracionalidade e a disfuncionalidade democrática nos EUA

 

Se os chineses, mesmo aceitando a autonomia de Taiwan, não aceitam sua independência por motivos históricos e estratégicos, a posição americana é conflituosa por motivos não vitais. A crença irracional no excepcionalismo americano — uma forma de nacionalismo segundo a qual os EUA e os americanos são inerentemente únicos e qualitativamente superiores, e que seus valores e modos de vida são desejáveis  pelo resto do mundo —, enraizada na cultura política dos EUA, afasta os tomadores de decisão da racionalidade ao lidarem com Taiwan. A mistura desse excepcionalismo com os incentivos eleitorais em um contexto internacional cada vez menos unipolar faz com que aquelas pessoas com poder ou influência nos EUA vejam, cada vez mais, o mundo como o palco de uma luta do bem contra o mal (MAHBUBANI, 2020).

 

Nesse sentido, demonizar a China serve a interesses políticos, em parte deliberados e estratégicos, em parte derivados da crença genuína de que os valores e o modo de vida americanos estão ameaçados pela ascensão chinesa. Esta crença é um delírio febril. Como toda febre, ela pode ser controlada ou levar o hospedeiro à morte, não necessariamente sozinho. China e Estados Unidos, potências em ascensão e em declínio, estão em rota de colisão. Em Taiwan, os sintomas se manifestam de modo acentuado. São um alerta. Nenhum desfecho é inevitável, mas os dois são possíveis. 

 

Não se deve subestimar o potencial de tragédia manifesto nessas tensões. Ainda assim, por enquanto, correções de cursos são possíveis. Para isso, serão necessárias concessões de ambos os lados. Mais do que tudo, será necessário que os atores relevantes nos Estados Unidos retomem a sobriedade e racionalidade que um dia já tiveram. Isso será difícil, em parte pela própria democracia americana, que passa por uma fase de disfuncionalidade profunda. 

 

Em tese, democracias estimulam a pluralidade de pensamentos, de cujas interações e embates surgem soluções mais maduras e equilibradas (DAHL, 1997). Na prática, isso não tem acontecido: vozes dissonantes, ainda que sóbrias e com razão, são duramente penalizadas pelas dinâmicas democráticas do momento. Nos EUA, posições belicosas contra a China têm prevalecido, premiadas pela lógica eleitoral, enquanto as que prescrevem cautela e sobriedade são reprimidas (MAHBUBANI, 2020). 

 

Essa disfuncionalidade na democracia dos EUA pode ser observada até mesmo na reação de Joe Biden à atitude de Pelosi. Biden, enquanto presidente, é o principal responsável pela política externa do país, além de ser informado por uma assessoria extensa e especializada, que Pelosi não possui — ao menos não no mesmo nível — justamente porque suas atribuições são diferentes das do chefe do executivo. Diante disso, o presidente, consoante ao posicionamento de seus conselheiros seniores e das Forças Armadas, se posicionou contra a viagem da congressista — do mesmo partido —, por medo de iniciar uma crise no Estreito de Taiwan (CNBC, 2022). 

 

Contudo, Pelosi, não subordinada ao presidente dado que  integra o poder legislativo, manteve a viagem. Com isso, ela, por motivos pouco claros e possivelmente pessoais (LATIMES, 2022), escalou as tensões com a China de modo extremamente negligente. De fato, Pelosi acabou confundindo a própria política oficial do país, de ambiguidade estratégica. Isso significa a mistura cuidadosa de atitudes pró-China e pró-Taiwan pelos americanos. De um lado, o respeito ao princípio de uma única China e a oposição à independência da ilha; de outro, a oposição ao uso da força para aproximação com a ilha e um posicionamento vago quanto a defesa militar direta de Taiwan pelos EUA em caso de invasão. Em outras palavras, a ambiguidade estratégica tem se tornado cada vez menos ambígua, mas de um modo nenhum pouco planejado.

 

Mesmo a forte polarização entre Republicanos e Democratas, mais alta do que nunca desde o governo Trump, deu lugar a um consenso bipartidário quando o assunto é a política externa dos EUA para a China e Taiwan. A razão disso é justamente a combinação entre incentivos eleitorais e o enganoso excepcionalismo americano. Para escapar dessa armadilha, os EUA devem entender duas coisas: primeiro, seus valores e modos de vida não são inerentemente superiores, como acreditam, aos de outras sociedades. Tampouco são universais: devem parar de tentar exportá-los, a todo custo, para partes do mundo com realidades distintas. Historicamente, isso tende a acabar em tragédia: guerras desnecessárias, por vezes com décadas de duração, cujo resultado final é invariavelmente catastrófico para a população civil, vítima das missões civilizatórias americanas, como no Vietnã, no Iraque e, mais recentemente, no Afeganistão. 

 

Ademais, políticos, colunistas, e a sociedade civil em geral precisam deixar de lado a ignorância que os levam a entendimentos equivocados e buscar conhecer melhor a China. Ao contrário do ponto de vista americano, os chineses não percebem o mundo como uma dicotomia entre o bem e o mal, democracia e autocracia, capitalismo e comunismo. A sociedade chinesa não acredita que seus valores são válidos universalmente, muito menos têm a intenção de exportá-los ou de os impor ao resto do mundo (MAHBUBANI, 2020). Na visão deles, seus valores e modos de vida são frutos de suas próprias peculiaridades, de sua milenar experiência cultural e histórica. Portanto, acreditam-se únicos, que só os chineses podem ser chineses. Desse modo, a ascensão chinesa não ameaça os valores americanos, nem a sua democracia. A China não tem o objetivo manifesto de exportar o seu sistema político para o resto do mundo, como os EUA. Assim, interpretar as pretensões chinesas em relação a Taiwan como se fossem válidas para outras regiões é um grande erro: para a China, Taiwan não é o resto do mundo, mas sim parte integrante do seu território.

 

Além disso, não é do interesse nacional chinês ser uma ameaça militar hostil à segurança nacional dos EUA. Essa percepção é, em algum nível, inevitável devido ao dilema da segurança: ambos os países precisam de meios para garantir a própria segurança, o que envolve possuir poder de dissuasão. Uma das formas desse poder é possuir a capacidade de infligir dano real em resposta a um ataque, de modo a justamente desencorajar uma possível agressão. Em contraste, à China interessa a manutenção das relações pacíficas com os EUA, em função das relações comerciais entre si e com o resto do mundo; bem como da estabilidade interna, que depende da continuação da tendência ascendente nas condições de vida da população, para a qual uma guerra seria um tremendo revés.

 

Ao contrário do que alguns políticos ou personalidades às vezes levam a crer ao incitarem o medo nos eleitores, a China não pretende invadir os EUA. O país não está construindo bases militares no Canadá, no México, em Cuba, no Caribe ou em outras partes do entorno americano. Tampouco está fazendo patrulhas a doze milhas náuticas da Califórnia ou da Flórida com porta-aviões. A China não tem um histórico de travar guerras do outro lado do mundo em nome de valores particulares e contra inimigos imaginários. De fato, o PLA chinês não se envolveu em nenhuma guerra nos últimos 40 anos (POLITICO, 2022).

 

Os Estados Unidos, por sua vez, se envolveram em vários conflitos, e possuem diversas bases militares ao redor da China. Desde o governo Obama, os EUA têm aumentado seu patrulhamento naval no Mar do Sul da China (SINGER, 2020), com incursões de navios de guerra nos limites do que permite o direito internacional (MAHBUBANI, 2020). Também têm realizado operações militares conjuntas com aliados na região, e formado alianças militares, como a AUKUS, que inclui a Austrália e o Reino Unido (GUARDIAN, 2021). Essa militarização do entorno estratégico da China por iniciativa dos EUA é percebida como provocação e gera reações, a exemplo do armamento das ilhas artificiais chinesas.

 

Uma razão frequentemente colocada pelos EUA para a sua crescente presença militar na região é garantir a liberdade de navegação. Evidentemente, isso não faz nenhum sentido neste contexto em particular. Afinal, o país que mais tem a ganhar com a segurança marítima é justamente a China, cujo comércio com o resto do mundo é maior do que o dos Estados Unidos desde 2013 (GUARDIAN, 2013).  

 

Conclusão

Em suma, os Estados Unidos têm demonstrado uma predisposição a se relacionar combativamente com a China. Desde o governo Obama, quando a presença da marinha americana na região voltou a crescer com a mudança de foco do Oriente Médio para o Sudeste Asiático, passando pelo governo Trump, com suas provocações pelos Twitter e o início da guerra comercial, e agora com Biden, que dá continuidade às políticas dos antecessores e as incrementa, os EUA seguem uma trajetória de conflito com o país asiático.  

 

A China é percebida como uma ameaça existencial pelos Estados Unidos, como uma fonte de forças malignas que ameaçam os americanos, sua democracia, seus valores e até mesmo seu território. De fato, a China é uma potência em ascensão, mas isso não quer dizer que ambos países não possam conviver pacificamente no mundo. Mesmo que a economia asiática ultrapasse a economia americana, isso não necessariamente significará o fim do prestígio estadunidense, nem de sua influência mundial, nem de sua democracia, seus valores ou sua soberania.

 

Essa percepção é uma ilusão enraizada nos pressupostos fictícios da excepcionalidade americana. Apesar de falsa, é extremamente perigosa, pois eleva a irracionalidade dos tomadores de decisão e daqueles com influência no processo decisório. Em última instância, essas dinâmicas podem culminar no amplificação das tensões bilaterais até um ponto sem volta quando, seja por acidente, seja por ação deliberada, um conflito nuclear pode irromper. 

 

Essa tendência ao conflito entre uma potência em decadência e outra em ascensão foi nomeada de armadilha de Tucídides por Allison Graham (2017). No contexto apresentado, ela está mais pronunciada do que nunca. Entretanto, essa rota de colisão — que é muito real — ainda pode ser alterada. Para isso, os americanos precisarão aprender a conviver com a China, e com o resto do mundo, em um sistema onde eles não mais serão o único polo de poder: um sistema internacional cada vez mais bi ou multipolar. Precisarão resgatar a sobriedade e racionalidade na sua política externa para a China e, principalmente, deixar de lado suas falsas dicotomias e seu destino manifesto de civilizar o mundo. Se eles estão ou não à altura desse desafio, o tempo dirá.









 

REFERÊNCIAS

 

ALLISON, G. Destined for War: Can American and China Escape Thucydides's Trap? New York: Houghton Mifflin Harcourt, 2017.

CHU, Y.; DIAMOND, L.; NATHAN, A.; SHIN, D. How East Asians View Democracy.  New York: Columbia University Press, 2008.

CHUNG, L.; NG, T.; WANG, A. China suspends climate change cooperation with US… South China Morning Post, aug 2022. Disponível em: https://www.scmp.com/news/china/diplomacy/article/3187927/china-suspends-climate-change-cooperation-us-and-sanctions. Acesso em: 22 aug 2022. 

DAHL, Robert A. Poliarquia. São Paulo: Edusp, 1997.

HABERKORN, J. Why did Pelosi pick this moment to travel to Taiwan?. Los Angeles Times, aug 2022. Disponível em: https://www.latimes.com/politics/story/2022-08-02/why-did-pelosi-pick-this-moment-to-travel-to-taiwan. Acesso em: 22 aug 2022. 

HILLE, K.; LANGLEY, W. China suspends 2,000 food products from Taiwan as Nancy Pelosi visits. Financial Times, aug 2022. Disponível em: https://www.ft.com/content/ff15198f-cdc2-48fa-bed5-4a59bebbf01a. Acesso em: 22 aug 2022. 

KISSINGER, Henry. Sobre a China. 1ª ed. São Paulo: Objetiva, 2013.

MAHBUBANI, K. Has China Won? The Chinese Challenge to American Primacy. 1ª ed. New York: Foreign Affairs, 2020.

PELOSI, N. Nancy Pelosi: Why I’m leading a congressional delegation to Taiwan. The Washington Post, aug 2022. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/opinions/2022/08/02/nancy-pelosi-taiwan-visit-op-ed/?fbclid=IwAR2o8D6mOVCToP_r2uGQAzWlms6a4OFpLlLq5b6TdKpg7UP8q5yk3iIIerc. Acesso em: 22 aug 2022. 

POMAR, Wladimir. A Revolução Chinesa. 1ª ed. São Paulo: UNESP, 2004.

SINGER, A. Obama, Trump, and Xi: Three South China Sea Strategies in the

U.S.-China Battle for Global HegemonyU.S.-China Battle for Global Hegemony. CMC Senior Theses. Disponível em: https://scholarship.claremont.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=3453&context=cmc_theses. Acesso em: 22 aug 2022. 

SIRIPALA, T. 0 Years After US Occupation, Okinawa Continues to Resist Military Bases. The Diplomat, may 2022. Disponível em: https://thediplomat.com/2022/05/50-years-after-us-occupation-okinawa-continues-to-resist-military-bases/. Acesso em: 22 aug 2022. 

WILKIE, C. Pelosi’s Taiwan trip is a new headache for Biden, increases tension with China. CNBC, aug 2022. Disponível em:

https://www.cnbc.com/2022/08/02/white-house-struggles-to-insulate-bidens-china-policy-from-pelosis-taiwan-trip.html. Acesso em: 22 aug 2022. 

WINTOUR, P. What is the Aukus alliance and what are its implications?. The Guardian. Disponível em:  https://www.theguardian.com/politics/2021/sep/16/what-is-the-aukus-alliance-and-what-are-its-implications. Acesso em: 22 aug 2022.